Mulheres Heroínas da Batalha de Tejucupapo são declaradas as Patronas da Defesa dos Direitos da Mulher em Pernambuco
Há quase 400 anos, quatro mulheres escreveram seus nomes na história nacional. Juntas, Maria Quitéria, Maria Camarão, Maria Clara e Maria Joaquina, lideraram a vitória do povoado de Tejucupapo, em Goiana, na Região Metropolitana, contra um exército de 600 soldados holandeses.
Os historiadores contam que os estrangeiros tentavam saquear a então vila de São Lourenço de Tejucupapo em busca de comida e escolheram o momento em que haveria poucos homens no local para o ataque. Entretanto, não esperavam encontrar as mulheres do povoado organizadas e preparadas para a luta. Armadas com pedaços de paus, panelas, água fervente, pimenta e tudo o que tinham em mãos que poderia ser utilizados belicamente, elas defenderam a comunidade,
liquidando metade do exército estrangeiro e expulsando a outra metade dos holandeses que incitaram o ataque.
Séculos depois, pouco ficou registrado em papel sobre o episódio. Raros também são os documentos da época resgatados. No entanto, a batalha é preservada até hoje através da memória dos moradores e por meio da tradição oral das mulheres que são as herdeiras naturais daquelas guerreiras. Todos os anos, no último domingo de abril, as mulheres da região — entre pescadoras, marisqueiras, professoras, aposentadas e donas de casa — se reúnem e reencenam a memorável batalha em um grande teatro ao ar livre. Esta tradição representa a força do movimento popular para fortalecer a organização das mulheres, seja na luta pela sobrevivência, seja na luta contra os retrocessos e por mais direitos. “Desde o século 17 que as heroínas de Tejucupapo batalham pelo direito de escreverem suas próprias histórias. Elas são as raízes do nosso trabalho. A força e a luta delas se refletem em nossos dias. O nosso trabalho em defesa dos direitos das mulheres também passa pelo reconhecimento histórico desta vitória. A história sempre é contada pelos homens, quantas mulheres não foram silenciadas ao longo dos séculos?”, explica a Delegada.